Conto: Instinto Animal
Autora: Louise Duarte
Classificação: R
Disclaimer: Esses personagens e história pertencem a mim, não publique o conto sem autorização prévia ou créditos necessários.
Londres 2010
Kate Austen olhava a névoa da janela de seu compartimento de trem em que viajava para Edimburgo na Escócia. Ela tinha o olhar perdido e pensativo. O mesmo olhar que muitas vezes a deixava desolada pelo tipo de vida que ela levava há quase trezentos e dez anos como uma imortal. Quando se tornou vampira pela primeira vez.
Mas às vezes até vampiros ficam solitários, especialmente vampiros. E com ela não era diferente. Ela tinha cabelos ruivos caídos em ondas, olhos esverdeados, corpo voluptuoso e muita sede de sangue. Ela também era culta, irônica, doce quando queria e o principal de tudo, muito perigosa.
Ela esperava anoitecer para poder finamente atacar antes que o trem chegasse a Edimburgo o que aconteceria nas próximas duas horas restantes da viagem. Ela olha impaciente para o relógio do seu celular, se controlando pelo fato de o quanto ela estava faminta. Ela precisa comer algo… ou melhor, alguém urgente.
A jovem inglesa esperava no vagão-restaurante a noite chegar. Seus olhos verdes começavam a ficar amarelos devido a sua transformação como vampira, mas antes que ela pudesse se transformar por completo é interrompida. Um homem loiro, com sorriso luminoso, covinhas e olhos azuis a interrompe, fazendo seus olhos voltarem ao normal. Ele também era bonito e parecia a presa perfeita.
- - Com licença. – Ele diz educadamente. – Mas tem alguém sentado aqui? – Ele pergunta ao que Kate nota seu sotaque escocês.
- - Não. Pode se sentar. – Ela diz com um sorriso sedutor.
- - Obrigado. Eu não esperava que o trem fosse encher tanto. Meu nome é Ewan Carmichael. – Ele explica enquanto eles trocam um cumprimento.
- - Kate. – Ela balança a cabeça analisando ele de cima abaixo, observando cuidadosamente sua próxima vítima. – Então, você está indo para a Escócia também?
- - Sim. Minha família é de lá. E você?
- - Eu tenho negócios a tratar lá. É um caso de vida ou morte. – Kate diz sarcasticamente, lambendo os lábios maliciosamente.
- - Eu entendo.
- - Algum problema?
- - Não, eu só não gosto muito de viagens à noite. – Ewan explica sem convencer muito sua colega de vagão. –Kate olha para ele quase com pena de ter que matá-lo. Ele era muito bonito e atraente, talvez ela devesse aproveitar um pouco antes de “devorá-lo”
- - Tudo bem. Você tem lugar para ficar Ewan? Ou vai ficar com a sua família?
- - Na verdade, eles estão viajando e só chegam no Domingo. E como hoje ainda é quinta feira, eu vou ficar em um hotel até lá. Por quê?
- - Eu já tenho um quarto reservado no hotel McDougal’s. Se você quiser se juntar a mim. – Ela oferece sorrindo inocentemente.
- Ewan olha para ela claramente fazendo a mesma checagem que ele fez nela. Ele abre aquele sorriso sedutor, claramente mais relaxado e menos nervoso do que antes.
- - Eu adoraria. – Ele olha a janela vendo a lua se formar e depois para o seu relógio. – Mas antes eu preciso dar um telefonema. Eu te encontro mais tarde na saida, está bem?
- - Fechado. Nos encontramos na saída então…
Quarenta minutos depois porém, as luzes do trem começam a falhar até o trem ficar completamente no escuro. Os passageiros começam a gritar desesperados e ouvem um rosnado de um animal selvagem além de passos. Quando as luzes voltam, Kate abre os olhos surpresa com o que via. Alguém lhe passara a perna.
Metade dos passageiros estavam mortos e havia sangue por toda a parte. Havia outro vampiro no trem. Embora ela não tivesse mais certeza se era um vampiro mesmo. A lua cheia e os rosnados que ouvira dava a clara impressão de ter um lobisomem por perto. E ela tinha uma clara desconfiança de quem poderia ser esse lobisomem.
Irritada e ainda com fome por não ter tido a oportunidade de ter feito seu “lanchinho”, Kate salta do trem depois de dar seu depoimento a polícia escocesa, colocando um pouco de teatralidade em seu depoimento, com uma cena misturando choro, desespero e um desmaio, até eles a liberarem.
Ela espera por uma hora até se cansar. Ela acertou na mosca. Ewan era o lobisomem que atacou o trem e agora ela tinha certeza disso. Ele não iria aparecer tão cedo. Cansada e faminta ela caminha pelas ruas de Edimburgo, morde alguns pescocinhos pelo caminho já que ainda estava faminta, antes de pegar um táxi até o hotel onde ela ia ficar hospedada.
***
No dia seguinte, para a sua surpresa, ela ouve batidas na porta do quarto onde estava. Ainda meio sonolenta, ela abre a porta e se depara com Ewan, usando roupas surradas e rasgadas, carregando sua mala em uma das mãos, fumando um cigarro, parecendo completamente diferente do homem que conhecera no dia anterior. Sua teoria fazia sentido, Ewan era mesmo o lobisomem.
-Ewan? – Kate diz surpresa e atraída por ele ao mesmo tempo. Mais do que da primeira vez. Antes ela queria usá-lo somente como um petisco, uma entrada e nada mais. Agora, ele tinha aquele visual sexy, de bad boy selvagem que a atraia tanto desde que virara uma vampira. – O que aconteceu com você?
- - Está bem. Eu sei do seu segredo e ainda estou irritada pelo fato de você ter roubado o meu banquete. Eu estava planejando atacar aquele trem. Tem um motivo para eu odiar lobisomens.
- - Eu podia dizer o mesmo de vampiros.
Eles trocam um olhar irritado um para o outro claramente sentindo a forte tensão sexual que invadia o lugar. Eles sentiam desejo um pelo outro e não podiam ignorar seus instintos. Por mais que eles quisessem negar que não no momento.
Os olhos de Kate ficam amarelados novamente, e seus caninos crescem quando ela rosna para Ewan, ele instintivamente começa a crescer, ficando mais peludo ao mesmo tempo que seus caninos também ficam grandes e seus olhos também ficam amarelos. Eles lutam quebrando coisas pelo caminho até chegarem à cama. Kate nota que Ewan deveria já estar nessa condição há bastante tempo, pois estava lentamente voltando a sua forma humana, para a sua surpresa.
Ele a puxa para um beijo ardente, faminto se jogando na cama com ela, onde eles cedem a seus desejos carnais de maneira violenta ao que se livram de suas roupas. Kate ainda estava com seus caninos expostos e mordia o pescoço de seu amante para poder marcar território sobre o corpo dele. Depois de um urro, ele finalmente cede à mordida.
Eles passam o dia trancados no quarto até anoitecer, Kate acorda notando que já era noite percebendo as escoriações nos corpos deles. Enquanto seu corpo estava todo arranhando, o dele estava todo cheio de mordidas. Ela também nota Ewan começando a se vestir novamente. Kate olha para ele com um olhar entristecido.
- - Já vai tão cedo?
- - Sim. Lua cheia. Sabe como é. Mas eu volto pela manhã.
- - Eu achei que você pudesse controlar o lobo.
- - E posso durante o dia. De noite é mais complicado. Eu preciso ficar longe de tudo e todos para poder, deixar o lobo se libertar.
- - Eu não sou qualquer uma, Ewan. Eu sou uma vampira. Eu tenho trezentos e dez anos de experiência.
- - Trezentos e dez? – Ewan não consegue evitar, mas dá uma risada. – Eu sempre gostei de mulheres mais velhas, mas nunca imaginei que você fosse assim tão velha. Eu te daria no minimo uns trinta.
- - Eu morri com vinte e oito, mas obrigada... Eu acho... – Ela comenta entediada. - E você, qual é a sua idade?
- - Trinta e Dois.
- - O ponto é... Você não precisa fazer mais nada sozinho. Eu estou aqui agora e se você quiser, podemos caçar juntos. Seria até divertido agora que estou pensando no assunto.
- - Eu achei que você odiasse lobisomens.
- - E odeio. Mas você não é assim tão desprezível quanto os que eu conheci nas minhas viagens pelo mundo. Então, o que você acha da minha proposta? Parceiros?
Ewan olha para ela, acende um cigarro, tentando ganhar tempo pois ainda não sabia o que responder. Ela tinha uma certa razão, e se ela era muito mais experiente do que ele, fazia até sentido eles ficarem juntos nessa.
- - Parceiros. – Ewan responde, trazendo-a para outro beijo faminto.
- - Mas eu tenho uma condição. – Kate se separa dele fazendo ele rolar os olhos.
- - Eu sabia que devia ter uma pegadinha. Qual é a condição Kate?
- - Se você me roubar outro banquete, eu juro que te mato. E eu falo sério!
O escocês dá um sorriso antes de começar a rir. Ele a puxa para outro beijo selando o acordo.
- Acho que teremos que trabalhar nesse aspecto do nosso relacionamento. Mas tudo bem, eu concordo.
FIM
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