sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sociedade das Sombras (Anúncio)

Sociedade das Sombras

"A partir de hoje, você está sob o olhar atento da Sociedade das Sombras e ao ingressar pelo mundo oculto na escuridão, terá privilégios que só o saber pode dar a alguém, como deveres que tal conhecimento te trará. Cuidado a quem revele o segredo dos seres nas sombras, pois não vai gostar de receber uma visita de um dos nossos membros." - Sociedade das Sombras

A Sociedade das Sombras é uma antiga sociedade secreta, que protege um segredo milenar, mas que ninguém sabe ao certo se existe. Vampiros, lobisomens, bruxos e outros seres conhecidos pelos humanos como sobrenaturais, sempre povoaram as mentes de geração após geração, dando origem a lendas e histórias das mais diversas. Porém já parou para imaginar que se tais seres fossem reais, como os humanos não saberiam de sua existência? Simples, porque a Sociedade das Sombras mantém o segredo, até dos próprios seres que são relatados nas lendas. Desde que eles se comportem e se mantenham ocultos nas sombras. Porque a maioria dos seres, humanos ou não, nunca ouviram falar da Sociedade das Sombras, ou se ouviram, acham que é tão fantástica quanto outras famosas sociedades secretas por ai. Já aqueles que tiveram o privilégio de saber a verdade, nem sempre ficaram muito felizes com tal descoberta.

                         Photobucket
Sociedade das Sombras – Contos Sobrenaturais é uma antologia que reúne autores que participaram do programa da rádio Digital Rio e/ou se tornaram parceiros do blog Contos Sobrenaturais. Composta por contos dos mais variados, a antologia manterá a ideia do programa, que busca as mais variadas histórias sobre seres lendários ou não, onde o fã de literatura fantástica e sobrenatural pode encontrar histórias e estilos dos mais diversos. Mantendo o foco nos mundos ocultos nas sombras, essa antologia trará em especial, histórias fantásticas onde o segredo da existência de seres sobrenaturais é guardado a sete chaves.

Após um ano na rede, junto com a Digital Rio online, o programa Contos Sobrenaturais resolveu ir além das ondas do rádio. Convidamos os autores que abraçaram nossa causa no ano que passou (ao incentivo a leitura do fantástico sobrenatural) de alguma forma e em parceria com a Editora Estronho, queremos não só incentivar o prazer da leitura através das ondas do rádio, mas também da forma que se deve, pelas páginas de um livro. E não há melhor maneira que um bom conto de terror, aventura ou mesmo comédia. Porque não é só de história de arrepiar que vive o mundo da literatura fantástica sobrenatural. O medo pode ser divertido também. Afinal, no fim das contas, é por isso que buscamos a literatura fantástica, para nos divertir.

Nas páginas de Sociedade das Sombras – Contos Sobrenaturais será revelado o mundo fantástico dos seres ocultos nas sombras a milênios, quem são, como vivem, quem amam, quem odeiam... Eles vão revelar seu segredo à você, mas deve guardá-lo ou ficará por sua conta e risco. Lembre-se que a Sociedade das Sombras não existe... Desde que o segredo continue oculto na escuridão.

Em breve confirmaremos todos os autores que aceitaram nosso convite para ingressar na Sociedade das Sombras e estão participando da antologia (já pode conferir o nome de alguns na página da antologia na Editora Estronho) e a cada nova semana, vamos falar de um autor em particular. Fique ligado nos blogs e na rádio, muita coisa vai acontecer até maio de 2011.

E tome cuidado, pois agora que sabe sobre a Sociedade das Sombras, ela está de olho em você.

Tenha adoráveis pesadelos.




                        Photobucket

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Conto 4 - Criaturas da Noite

    Photobucket
Conto: Criaturas Da Noite 
Autora: Louise Duarte
Classificação: R
Disclaimer: Esses personagens e história pertencem a mim, não publique o conto sem autorização prévia ou créditos necessários.

Rio de Janeiro, Junho de 2010

Meia Noite
Luisa e Carlos estavam em São Cristovão em uma estação do Metrô carioca, usando roupas de frio devido ao tempo ter virado novamente. Eles faziam anotações anotando tudo o que podiam sobre o que havia acontecido. O lugar estava lotado de gente. Desde repórteres até policiais, IML, detetives e testemunhas.

Mas o que aconteceu? Luisa se perguntava. Ela ainda não entendia até agora e nem mesmo os policiais. Um dos carros pertencentes ao metrô foi atacado por algum animal selvagem. Ou melhor, mais de uma criatura selvagem. O que quer que tenha matado aquelas pessoas não pode ter sido só um animal. Todas as vítimas que haviam pego o metrô naquela noite fria, jamais chegaram em casa.

Luisa estava feliz por aquela noite não ser outra noite em que teria que ser sabatinada sobre feitiços e poções e poderia ter uma noite quase normal trabalhando ao lado de seu namorado e parceiro, Carlos.

- Então, alguma pista detetive Oliver? – Luisa pergunta enquanto Carlos continuava a fazer anotações.

- Bom, não muitas senhorita Lima. Somente que foi mais de um animal que fez esse estrago. Não posso entrar em detalhes, mas esse é o 5º ataque a um trem ou carro de metrô nessa semana.

- Nós lemos a respeito. – Carlos interrompe checando suas anotações. – Antes disso ainda tiveram em São Paulo, Porto Alegre, Paraná... Sem contar em cidades fora do Brasil como Londres, Escócia e Estados Unidos certo?

- Sim. – O detetive coça a cabeça meio confuso. – Mas não acho que os crimes estejam ligados. Quer dizer. Por que algum animal viajaria de tão longe para atacar a população brasileira quando a carne estrangeira é tão melhor? Não faz muito sentido não é mesmo? – Ele ironiza.

 Luisa revira os olhos quanto à ignorância do detetive. Outro cético ela notou. Bom, ela não deveria reclamar muito já que ela era cética até bem pouco tempo. Antes de descobrir que era uma bruxa, quando tudo mudou e sua visão cínica do mundo foi para o espaço. Agora ela praticava bruxaria, fazia poções, recitava feitiços e até voava.

- Gente, sem querer ser meio óbvia, mas quem cometeu esses crimes leu muito Agatha Christie. Perceberam que tem um padrão? Trens, metrôs? – Luisa diz com ar de superioridade. – Eu não vou ficar nada surpresa se colocarem hotéis ou navios em breve...

- Luisa... – Carlos tenta interrompe-la, mas Luisa tinha certeza do que falava.

- Eu falo sério, Carlos. Das duas uma. Ou o assassino é mesmo fã desse tipo de ficção... Ou eles vieram da Europa mesmo.

- Isso é tudo? – Detetive Oliver quer saber. – Eu preciso voltar para a delegacia.

- Por enquanto sim, detetive. Obrigada. – Luisa agradece enquanto guardava o bloco de notas na bolsa.

-E agora o que faremos? – Carlos pergunta antes de notar o celular de Luisa vibrando. Ele nota o nome de “Lucas” piscando no visor antes de Luisa atender.

- O que você quer, Lucas? Eu estou trabalhando. – Luisa diz meio sem paciência.

- Descobriram alguma coisa? – Lucas, irmão gêmeo de Luisa pergunta curioso.

- Só o que já sabíamos. Tem alguém ou alguma coisa fazendo vitimas por aqui.

- Isso é muito estranho... – Lucas diz encucado.

- Sim, é... – Luisa concorda. – Mais ainda do que estamos acostumados.

- Você ainda não viu nada, mana. Depois que estivermos com todo o nosso poder, as forças do mal vão começar a emergir com força total. É por isso que precisamos estar preparados.

- Quer dizer, que pode piorar? Pior do que isso? Eu não sei se quero ver mais disso... É muito nojento... E assustador.

- Eu sei, mana. Mas está no nosso sangue proteger os humanos. E parece que esqueceram o Brasil nas últimas décadas. Não tem nenhuma Liga de Super heróis ou Bruxas por aqui. Essa é uma das razões da nossa família ter se fincado aqui.

- Você está gozando com a minha cara não é, Luc? Isso não é hora para brincadeira.

- Tá, eu confesso. A parte de super heróis, foi gozação. Mas isso é sério mana. As forças do mal estão se unindo e estão querendo destruir as forças do bem. Nós precisamos estar preparados.

- Ai, Lucas. Está bem. Você já está repetindo o mesmo diálogo desde que essa loucura começou. Precisamos estar preparados. Já entendi essa parte. Quando vai começar o nosso treinamento mesmo?

- Essa sexta feira. A meia noite. Então não se esqueça mana. – Lucas diz finalmente antes de desligar o telefone.

- Ele é tão dramático de vez em quando. – Luisa diz balançando a cabeça. – Bom, não tem mais nada para fazer aqui. Que tal se formos para casa? Eu estou exausta e minha cama me espera.

- Eu acho uma ótima idéia... – Carlos diz beijando os lábios da namorada antes deles saírem do local, abraçados.

***
Ainda no mesmo local, duas figuras sombrias saem das sombras se revelando, mas sem serem notados por Luisa ou Carlos que já haviam deixado o local. Kate Austen e Ewan Carmichael lambiam os lábios de maneira maliciosa. Kate ainda tinha sangue em seus lábios enquanto que Ewan finalmente havia conseguido trocar de roupa depois de rasgar as suas. Era a mesma coisa todo mês durante a lua cheia.

Desde que deixaram a Escócia juntos, eles viajaram pela Europa e América espalhando terror pelas cidades por onde estiveram. Eles até chegaram a ficar hospedados por alguns meses em um subúrbio americano, mas quando garotas adolescentes começaram a aparecerem mortas no bairro  nas noites em que Ewan sumia durante as noites de Lua Cheia, Ewan e Kate acharam que era melhor acharem um lugar melhor. E o Brasil parecia à escolha certa.

Eles escolheram o bairro do Recreio dos Bandeirantes por conta das conexões de Kate. Ela tinha uns conhecidos que alugaram uma mansão bem distante no bairro e assim não seriam importunados por ninguém. A mansão era grande, acolhedora, com muitos quartos e uma piscina, além de uma adega no porão. Lugar perfeito para trazer os “lanchinhos” de Kate. E depois se livrar deles por lá mesmo.

- Dá para próxima vez deixa um pouco para mim. – Kate reclamava. – Era difícil dividir as “refeições” com Ewan quando eles atacavam o mesmo trem ou metrô. Especialmente já que parecia que a fome de Ewan em sua forma de lobisomem era mil vezes maior do que quando Kate estava vampirizada. – Eu ainda estou faminta.

- Não se preocupe minha querida. – Ewan dizia de maneira sedutora. – Tenho certeza de que vamos encontrar algo para satisfazê-la pelo caminho.

- Mas eu não quero um petisco. Eu quero um banquete. E pra variar você me roubou outro. Eu estou começando a achar que essa parceria nossa não vai dar muito certo se você continuar  roubando minhas refeições.

- Kate... Boneca. Eu lhe prometi um banquete. E você vai ter um banquete... – Ewan diz lhe arrebatando um beijo de tirar o fôlego, mesmo que ela não respirasse mais. – Eu tenho uma surpresa para você em casa.

-Surpresa? – Kate pergunta confusa... – Do que é que você está falando?

-Aquele seu amigo vampiro... Philip. O mesmo que alugou a mansão para gente. Bom, ele conseguiu algumas vitimas para você saborear. Elas serão entregues mais tarde...

Kate olha para Ewan com um sorriso antes de lamber os lábios. Seus caninos pontiagudos aparecem antes dela puxar ele para um beijo.

- Então vamos logo porque eu estou faminta...

-Viu? A nossa parceria continua dando certo. Eu cuido de você da mesma maneira que você cuida de mim.

- Eu só gostaria que você me deixasse morder uns pescocinhos masculinos de vez em quando. – Kate reclama.

- De jeito nenhum. Eu sou o único quem você vai morder... – Ewan diz de maneira zangada. – Eu sou muito possessivo em relação a quem eu gosto.

Kate dá de ombros enquanto eles pegavam o carro que haviam alugado. Ewan dá a partida enquanto eles se dirigiam de volta para casa, onde Kate finalmente iria poder ter o seu tão esperado banquete sem perceberem que eram observados por um par de olhos castanhos.

***
Um jovem de cabelos negros, sobrancelhas grossas e olhar desafiador os observava com ódio nos olhos. Chris  Mckay, que segurava uma espingarda, os observava e os vem  seguindo desde a  Escócia, quando eles ficaram juntos pela primeira vez, embora estivesse seguindo Kate desde Londres. Ele era um jovem caçador de monstros e pretendia acabar com os dois. Especialmente Kate que assassinou toda a família de Chris, e agora ele pretendia finalmente fazer justiça pela sua perda. Em breve tudo aquilo ia acabar e ele finalmente poderia estar livre para viver uma vida normal.

Mas não agora... Agora ele tinha um trabalho para terminar...

FIM

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Conto 3: Instinto Animal



Conto: Instinto Animal
Autora: Louise Duarte
Classificação: R
Disclaimer: Esses personagens e história pertencem a mim, não publique o conto sem autorização prévia ou créditos necessários.

Londres 2010

Kate Austen olhava a névoa da janela de seu compartimento de trem em que viajava para Edimburgo na Escócia. Ela tinha o olhar perdido e pensativo. O mesmo olhar que muitas vezes a deixava desolada pelo tipo de vida que ela levava há quase trezentos e dez anos como uma imortal. Quando se tornou vampira pela primeira vez.

Mas às vezes até vampiros ficam solitários, especialmente vampiros. E com ela não era diferente. Ela tinha cabelos ruivos caídos em ondas, olhos esverdeados, corpo voluptuoso e muita sede de sangue. Ela também era culta, irônica, doce quando queria e o principal de tudo, muito perigosa.

Ela esperava anoitecer para poder finamente atacar antes que o trem chegasse a Edimburgo o que aconteceria nas próximas duas horas restantes da viagem. Ela olha impaciente para o relógio do seu celular, se controlando pelo fato de o quanto ela estava faminta. Ela precisa comer algo… ou melhor, alguém urgente.

A jovem inglesa esperava no vagão-restaurante a noite chegar. Seus olhos verdes começavam a ficar amarelos devido a sua transformação como vampira, mas antes que ela pudesse se transformar por completo é interrompida. Um homem loiro, com sorriso luminoso, covinhas e olhos azuis a interrompe, fazendo seus olhos voltarem ao normal. Ele também era bonito e parecia a presa perfeita.

-      - Com licença. – Ele diz educadamente. – Mas tem alguém sentado aqui? – Ele pergunta ao que Kate nota seu sotaque escocês.

-     -  Não. Pode se sentar. – Ela diz com um sorriso sedutor.

-      - Obrigado. Eu não esperava que o trem fosse encher tanto. Meu nome é Ewan Carmichael. – Ele explica enquanto eles trocam um cumprimento.

-     -  Kate. – Ela balança a cabeça analisando ele de cima abaixo, observando cuidadosamente sua próxima vítima. – Então, você está indo para a Escócia também?

-      - Sim. Minha família é de lá. E você?

-     -  Eu tenho negócios a tratar lá. É um caso de vida ou morte. – Kate diz sarcasticamente, lambendo os lábios maliciosamente.

-      - Eu entendo.

 Eles ficam em silêncio por um tempo até servirem o jantar. Ewan nota Kate olhando a janela novamente. Notando a lua cheia se formar no céu. Ele olha preocupado e pega um vidro de comprimidos do bolso de sua jaqueta de couro. Ele abre apressadamente e toma dois. Kate olha para ele desconfiada, franzindo o cenho.

-      - Algum problema?

-      - Não, eu só não gosto muito de viagens à noite. – Ewan explica sem convencer muito sua colega de vagão. –Kate olha para ele quase com pena de ter que matá-lo. Ele era muito bonito e atraente, talvez ela devesse aproveitar um pouco antes de “devorá-lo”

-      - Tudo bem. Você tem lugar para ficar Ewan? Ou vai ficar com a sua família?

-      - Na verdade, eles estão viajando e só chegam no Domingo. E como hoje ainda é quinta feira, eu vou ficar em um hotel até lá.  Por quê?

-      - Eu já tenho um quarto reservado no hotel McDougal’s. Se você quiser se juntar a mim. – Ela oferece sorrindo inocentemente.

- Ewan olha para ela claramente fazendo a mesma checagem que ele fez nela. Ele abre aquele sorriso sedutor, claramente mais relaxado e menos nervoso do que antes.

-      - Eu adoraria. – Ele olha a janela vendo a lua se formar e depois para o seu relógio. – Mas antes eu preciso dar um telefonema. Eu te encontro mais tarde na saida, está bem?

-      - Fechado. Nos encontramos na saída então…

Quarenta minutos depois porém, as luzes do trem começam a falhar até o trem ficar completamente no escuro. Os passageiros começam a gritar desesperados e ouvem um rosnado de um animal selvagem além de passos. Quando as luzes voltam, Kate abre os olhos surpresa com o que via. Alguém lhe passara a perna.

Metade dos passageiros estavam mortos e havia sangue por toda a parte. Havia outro vampiro no trem. Embora ela não tivesse mais certeza se era um vampiro mesmo. A lua cheia e os rosnados que ouvira dava a clara impressão de ter um lobisomem por perto. E ela tinha uma clara desconfiança de quem poderia ser esse lobisomem.

Irritada e ainda com fome por não ter tido a oportunidade de ter feito seu “lanchinho”, Kate salta do trem depois de dar seu depoimento a polícia escocesa, colocando um pouco de teatralidade em seu depoimento, com uma cena misturando choro, desespero e um desmaio, até eles a liberarem.

Ela espera por uma hora até se cansar. Ela acertou na mosca. Ewan era o lobisomem que atacou o trem e agora ela tinha certeza disso. Ele não iria aparecer tão cedo. Cansada e faminta ela caminha pelas ruas de Edimburgo, morde alguns pescocinhos pelo caminho já que ainda estava faminta, antes de pegar um táxi até o hotel onde ela ia ficar hospedada.

***

No dia seguinte, para a sua surpresa, ela ouve batidas na porta do quarto onde estava. Ainda meio sonolenta, ela abre a porta e se depara com Ewan, usando roupas surradas e rasgadas, carregando sua mala em uma das mãos, fumando um cigarro, parecendo completamente diferente do homem que conhecera no dia anterior. Sua teoria fazia sentido, Ewan era mesmo o lobisomem.

-Ewan? – Kate diz surpresa e atraída por ele ao mesmo tempo. Mais do que da primeira vez. Antes ela queria usá-lo somente como um petisco, uma entrada e nada mais. Agora, ele tinha aquele visual sexy, de bad boy selvagem que a atraia tanto desde que virara uma vampira. – O que aconteceu com você?

 -Ora, Kate. Não precisa fazer o seu teatrinho comigo. Você sabe o que aconteceu comigo. Eu sei o seu segredo e você sabe o meu. Eu pude sentir o seu cheiro no momento em que sentei com você na mesa do vagão-restaurante. Eu conheço bem o cheiro de um vampiro quando o sinto.

-    - Está bem. Eu sei do seu segredo e ainda estou irritada pelo fato de você ter roubado o meu banquete. Eu estava planejando atacar aquele trem. Tem um motivo para eu odiar lobisomens.

-   - Eu podia dizer o mesmo de vampiros.

Eles trocam um olhar irritado um para o outro claramente sentindo a forte tensão sexual que invadia o lugar. Eles sentiam desejo um pelo outro e não podiam ignorar seus instintos. Por mais que eles quisessem negar que não no momento.

Os olhos de Kate ficam amarelados novamente, e seus caninos crescem quando ela rosna para Ewan, ele instintivamente começa a crescer, ficando mais peludo ao mesmo tempo que seus caninos também ficam grandes e seus olhos também ficam amarelos. Eles lutam quebrando coisas pelo caminho até chegarem à cama. Kate nota que Ewan deveria já estar nessa condição há bastante tempo, pois estava lentamente voltando a sua forma humana, para a sua surpresa.

Ele a puxa para um beijo ardente, faminto se jogando na cama com ela, onde eles cedem a seus desejos carnais de maneira violenta ao que se livram de suas roupas. Kate ainda estava com seus caninos expostos e mordia o pescoço de seu amante para poder marcar território sobre o corpo dele. Depois de um urro, ele finalmente cede à mordida.

Eles passam o dia trancados no quarto até anoitecer, Kate acorda notando que já era noite percebendo as escoriações nos corpos deles. Enquanto seu corpo estava todo arranhando, o dele estava todo cheio de mordidas. Ela também nota Ewan começando a se vestir novamente. Kate olha para ele com um olhar entristecido.

-      - Já vai tão cedo?

-      - Sim. Lua cheia. Sabe como é. Mas eu volto pela manhã.

-      - Eu achei que você pudesse controlar o lobo.

-      - E posso durante o dia. De noite é mais complicado. Eu preciso ficar longe de tudo e todos para poder, deixar o lobo se libertar.

-      - Eu não sou qualquer uma, Ewan. Eu sou uma vampira. Eu tenho trezentos e dez anos de experiência.

-      - Trezentos e dez? – Ewan não consegue evitar, mas dá uma risada. – Eu sempre gostei de mulheres mais velhas, mas nunca imaginei que você fosse assim tão velha. Eu te daria no minimo uns trinta.

-      - Eu morri com vinte e oito, mas obrigada... Eu acho... – Ela comenta entediada. -  E você, qual é a sua idade?

-      - Trinta e Dois.

-      - O ponto é... Você não precisa fazer mais nada sozinho. Eu estou aqui agora e se você quiser, podemos caçar juntos. Seria até divertido agora que estou pensando no assunto.

-      - Eu achei que você odiasse lobisomens.

-      - E odeio. Mas você não é assim tão desprezível quanto os que eu conheci nas minhas viagens pelo mundo. Então, o que você acha da minha proposta? Parceiros?

Ewan olha para ela, acende um cigarro, tentando ganhar tempo pois ainda não sabia o que responder. Ela tinha uma certa razão, e se ela era muito mais experiente do que ele, fazia até sentido eles ficarem juntos nessa.

-      - Parceiros. – Ewan responde, trazendo-a para outro beijo faminto.

-      - Mas eu tenho uma condição. – Kate se separa dele fazendo ele rolar os olhos.

-      - Eu sabia que devia ter uma pegadinha. Qual é a condição Kate?

-      - Se você me roubar outro banquete, eu juro que te mato. E eu falo sério!

O escocês dá um sorriso antes de começar a rir. Ele a puxa para outro beijo selando o acordo.

- Acho que teremos que trabalhar nesse aspecto do nosso relacionamento. Mas tudo bem, eu concordo.

FIM

Conto 2 - Piquenique nas Estrelas




Piquenique nas estrelas

Por Louise Duarte      

Luisa e Carlos sobrevoavam o Rio de Janeiro em uma noite estrelada típica de verão. Aliás, um verão calorento demais para o gosto de Luisa. Desde que começou a controlar melhor seus poderes de bruxa, ela andou treinando diferentes tipos de magia que incluíam a arte do voo, não muito fácil para aprendizes de bruxos como sua avó Patricia sempre frisava ao mencionar os netos, Luisa e seu irmão gêmeo Lucas.

De qualquer jeito, Luisa havia começado a treinar seus poderes desde que finalmente decidiu aceitar seu destino. Ela era mesmo uma bruxa e não tinha como escapar. Está em seu DNA assim como ser repórter. Eram duas coisas de que ela não poderia fugir.

Apesar de seus poderes estarem se desenvolvendo muito rápido, talvez pelo fato de Luisa estar se dedicando aos estudos mágicos, e lendo bastante o livro das sombras da família Lima. Mas ela não esperava que fosse conseguir ter controle sobre as forças da natureza também. Ou melhor, falta de controle porque por enquanto ela teve alguns acidentes relacionados aos quatro elementos da natureza: água, ar, terra e fogo.

Naquela típica noite de verão carioca, Luisa achou que fosse uma boa ideia levar seu namorado Carlos para um jantar romântico que ela improvisou para ele no terraço do prédio do jornal onde ambos trabalhavam como repórteres, o Noticias Globais. A noite estava perfeita, o céu estrelado apesar do calor. Só faltaria uma lua cheia azul para completar a noite. Mas isso ela poderia providenciar mais tarde.

- Uma moeda pelos seus pensamentos – Carlos interrompe notando como a namorada estava pensativa.

- É só isso que eles valem para você? – Luisa provoca fazendo beicinho. – Poxa....

- Você sabe que não, Lu. Mas é que você ficou tão quieta de repente. Sem contar que essa sua surpresa onde eu me encontro sobrevoando a cidade, de olhos vendados... Eu estou meio apavorado aqui. E você ainda fica silenciosa por um momento. Então, por favor, me esclareça o que está acontecendo querida.

- Não está acontecendo nada, Carlos. Nós já estamos chegando. E se eu te contar vai estragar a surpresa. Só confie em mim está bem?

- Eu sempre vou confiar em você, Lu. Aliás, a noite de hoje só prova como eu confio em você cegamente. Literalmente. Mas eu te conheço. Eu sei que você aprontou alguma.

- Você pode ler mentes? – Luisa provoca com um sorriso sacana que obviamente Carlos não poderia ver, mas que ele poderia identificar em seu tom de voz mesmo sem ver seu rosto. Era assim o relacionamento deles. Eles podiam ver o sorriso um do outro sem precisar ver o rosto do parceiro. Eles conseguiam ler suas expressões faciais e saber que tinha algo errado ou o que o outro pensava. E isso às vezes era muito perigoso, especialmente para Luisa que sempre se metia em enrascadas por conta do seu faro jornalístico. Mesmo com a ajuda dos seus poderes, até ela conseguir controlá-los, eles tem atrapalhado mais do que ajudado.
De repente, Carlos sente eles aterrissando em algo firme e duro. Ele dá um suspiro aliviado sabendo que eles deviam ter chegado. Ele sorri, enquanto tentava desamarrar o nó que Luisa havia feito na venda que estava em seus olhos.

- Posso ver agora?

- Agora você pode – Luisa diz disfarçando um risinho.

Assim que Carlos tira a venda, ele se surpreende ao notar que eles estavam no terraço do prédio do Noticias Globais. Havia uma toalha quadriculada de piquenique estendida no chão, além de duas tulipas e uma garrafa de champanhe.

Luisa olha seriamente para Carlos. Ela estava tensa. Geralmente era Carlos quem fazia os gestos românticos como surpresas e jantares à luz de velas além de noites especiais em seus apartamentos. Mas naquela noite, ela queria surpreende-lo. Queria agradecer por ele ser um homem tão paciente nos últimos meses quando ela descobriu que era uma bruxa e virou sua vida de ponta cabeça, trazendo ele junto às loucuras da família dela. Com poções, práticas de poderes e tudo mais. Ela queria dizer o quanto o amava e era agradecida por tê-lo em sua vida.

Carlos abre os olhos e fica sério por um momento. Ele olha o ambiente em volta e nota a toalha de piquenique, antes de abrir um largo sorriso. Ele empurra os óculos que haviam caído para a ponta do nariz novamente e dá um beijo nos lábios da amada.

- Eu amei.

- Sério? – Luisa pergunta ainda meio desconfiada enquanto eles se sentavam e Carlos começava a encher as tulipas de champanhe.

- Sério, Lu. Apesar de que não precisava nada disso. Uma noite com você na redação ou em casa já era suficiente para mim.

- Eu sei, querido. Mas é que você tem sido tão paciente. E eu queria agradecer por tudo isso. Na verdade, a noite precisava ser perfeita, mas infelizmente eu olhei errado no meu calendário Lunar. A Lua cheia era só para daqui a duas semanas e.... Espera ai! Ai, como eu sou burra!
- O que você quer dizer com isso, Lu? – Carlos indaga entendendo muito bem o que Luisa queria dizer com aquilo e já ficando preocupado com aquele olhar que ela exibia além de um sorriso malicioso. – Ah não! Droga!

- Não se preocupe, Carlos. Eu garanto que vai dar tudo certo! É só um feitiçozinho... Nada muito grande. Aí sim, nossa noite vai ficar perfeita.

- Não sei, não Luisa – Carlos sempre a chamava  pelo nome completo quando ficava preocupado com suas táticas. E elas quase nunca davam certo. Na verdade, esse era um dos fatores em comum entre Luisa e seu irmão gêmeo Lucas. Eles nunca mediam conseqüências antes de realizarem os atos quase sempre insanos.

- Confie em mim, querido! – Luisa se levantou, olhou para o céu notando como a noite ainda estava estrelada. Ela olhou fixamente para as nuvens se concentrando no que pretendia fazer. Carlos, bebe um gole do champanhe já nervoso pelo que poderia acontecer. Ele nota as luzes acesas no resto do quarteirão e nos outros prédios. De repente um raio cai no terraço quase acertando, Luisa que consegue desviar dele. Carlos finalmente nota uma lua cheia azul crescendo no céu, fazendo com que algumas estrelas fossem desaparecendo. Luisa dá um sorriso triunfante antes de se sentar novamente na toalha estendida e tomar um gole da bebida.

- Viu? Eu te disse que nada ruim ia acontecer! – Luisa diz presunçosa antes de acontecer o que Carlos previa. Eles notam a rua toda perdendo energia simultaneamente até a cidade ficar completamente às escuras.

Apesar do escuro, Luisa sabia que aquilo era culpa dela e que Carlos a estava olhando com um olhar de reprovação.

- Opa! – Ela diz antes de notar seu celular tocando. Era Lucas e ela sabia que vinha mais sermão pela frente.

- Alô? – Luisa pergunta antes de ouvir a voz zangada do irmão, o que era muito difícil. Lucas quase não se irritava, há não ser quando Luisa fazia alguma besteira e isso raramente acontecia, especialmente pelo fato de que normalmente Luisa era a irmã responsável da dupla.

- Luisa, o que é que você fez dessa vez? – Lucas gritava do outro lado da linha. – Você conseguiu criar um apagão no país inteiro.

- Ei, isso é muito injusto. Como você sabe que fui eu? – Luisa pergunta na defensiva mesmo sabendo que realmente havia sido culpa dela.

- Porque você criou outros pequenos apagões antes disso, lembra maninha? Eu quero saber o que você fez especificamente dessa vez, Lu.

Luisa dá um suspiro frustrada – Ahn, eu usei magia para fazer uma lua cheia aparecer no céu. Nada demais. Até o Jim Carey fez algo pior naquele filme.

- O Jim Carey não usou magia, Lu! E quantas vezes eu tenho que repetir que usar seus poderes é uma coisa. Usar seus poderes para proveito próprio é outra, mas mexer com as forças da natureza para proveito próprio é algo que não dura muito tempo sem conseqüências. E a Mãe Natureza tem seu próprio jeito de nos mostrar isso como você pode ver. Depois, você quer piorar o aquecimento global?

- Não brinca. – Luisa diz sarcasticamente. – Está bem, Lucas. Seu recado foi dado. Não vou mais mexer com a Mãe Natureza sem necessidade. E obviamente eu preciso estudar mais aquele capitulo do nosso Livro das Sombras sobre os quatro elementos.

- Boa garota! – Lucas diz em tom de sarcasmo antes de desligar o telefone. Luisa dá um suspiro frustrado antes de se sentar ao lado de Carlos que faz ela deitar sua cabeça no peito dele.

- Problemas?

- Huh Huh. Aparentemente eu causei um apagão no país todo. – Ela explica se sentindo horrível. – Eu só queria te provar que eu te amo também apesar de toda essa loucura que eu acabei te arrastando....

- Luisa, você não precisa ficar assim. Eu não estaria com você se tivesse problemas com o fato de você ser especial. E não sou um desses maridos dos anos 50 que não consegue aceitar o fato da mulher ser uma bruxa....

- Argh, eu também odiava isso! – Luisa concorda balançando a cabeça.

- O fato é simples e lógico. Eu te amo e te amaria se você fosse vampira, lobisomem, fantasma... não importa se você é da Transilvânia, de Narnia ou de Shangrilá. Eu vou te amar acima de qualquer coisa. Além disso, tem outra coisa....

- O que é? – Luisa pergunta olhando nos olhos castanhos dele.

- Você já havia me enfeitiçado antes. – Ele confessa antes deles trocarem um beijo apaixonado.

É, Luisa pensa enquanto eles se beijavam. Ser bruxa tinha suas vantagens.

FIM

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Conto 1: Tecnologia para Bruxos


Graças a influência da minha grande amiga Anny Lucard da Rádio Digital Rio, resolvi postar alguns dos meus contos originais porque eles além de serem curtos, eu resolvi finalmente divulgá-los aqui.

Esse primeiro é de uma livro que estou tentando escrever há uns dois anos. Vou ver se retomo a ele quando estiver de férias...

Mais contos em breve. Por favor, não publique em nenhum outro lugar sem créditos ou autorização prévia. Obrigada.

***



Tecnologia para Bruxos    
       
Por Louise Duarte    
  
Luisa e Lucas Lima colocaram seus pés na dimensão mágica de Kadabra assim que saíram do espelho mágico que ficava no sótão da mansão Lima em Petropolis.  Tinha acabado de amanhecer e Luisa ainda estava um pouco sonolenta e irritada com a empolgação constante de Lucas quando o assunto era magia. No mundo dos mortais ambos eram renomados profissionais do jornalismo e fotografia. Lucas era um fotógrafo diplomado de modelos que trabalhava com a Irmã no jornal “Noticias Globais”, isso quando não fazia freelances sozinho para editoriais de moda de revistas femininas. Já Luisa, preferia se aventurar no ramo do Jornalismo Investigativo com o seu namorado Carlos Klein.

Tudo ia bem até três meses atrás quando durante a noite de natal em que passaram com a família em Petropolis, Lucas acabou descobrindo dois frascos contendo os poderes mágicos dos irmãos. Os mesmos poderes que a mãe e avó tiraram deles quando eles eram crianças para que pudessem ter uma vida normal sem que criaturas do mal viessem ameaçá-los para tentar roubar seus poderes. Agora o mal já estava feito, graças a Lucas, Luisa pensou irritada por ainda não ter tomado café e com uma dor de cabeça latejante que insistia em incomodá-la. O calor também não estava ajudando.  

E como se a vida de Luisa não fosse agitada o bastante como jornalista, agora ela ainda tinha que lidar com monstros, demônios e todo tipo de criatura querendo seus poderes, ela ainda tinha que freqüentar uma academia para bruxos até poder tirar sua licença de Feiticeira. Ela já era formada em Jornalismo, mas aparentemente agora no mundo dos bruxos você tinha que ser formada em bruxaria também. Você não precisa só dos seus poderes e plim! Arrebita o seu nariz e faz pássaros voarem, e o nariz do seu marido crescer. Ah não! Hoje em dia a tecnologia é muito mais avançada para os bruxos também e eles precisavam ler mais para conseguirem se atualizarem nas últimas poções, feitiços e truques de magia.

- Já chegamos? – Luisa pergunta impaciente querendo voltar logo para casa afinal ainda tinha um caso para investigar com Carlos para sair na primeira página do “Noticias Globais” no dia seguinte. A sorte dela é que a diferença do fuso horário entre a Terra e Kadabra eram de uma semana então Luisa nunca poderia se atrasar para os eventos da Terra e ainda tinha a vantagem de saber dos eventos adiantados. Mas mesmo assim, ela sentia falta de Carlos. Com toda a confusão da matrícula na Universidade de Bruxos, ela não tinha mais  tempo de ficar a sós com ele.

- Estamos quase lá mana! – Lucas avisa enquanto eles caminhavam nos cristais azuis que formavam o chão da dimensão mágica de Kadabra.

Luisa estava muito irritada, o dia mal tinha começado e ela já tinha que estudar feitiços e poções mágicas. Se pelo menos ela pudesse ter trazido seu ipod ou seu laptop ela poderia ter tido algum tipo de companhia ou terminado seu artigo, mas não “pegavam” em Kadabra para seu desespero. Ela dá um suspiro enquanto escrevia algo em seu bloco de notas. Lucas estica o pescoço para ver o que era e nota que eram palavras desconexas da investigação que ela e Carlos estavam cobrindo.

- Caramba, você não para de pensar em trabalho por um minuto ne sua Workaholic? – Lucas provoca fazendo Luisa rolar os olhos. – Tenta relaxar irmãzinha, vai dar tudo certo. E no final de semana você estará de volta a terra para poder acabar o seu artigo com o Carlos.
- Isso se eu não tiver sido demitida! 

- Eu duvido muito! O seu chefe teria que ser louco para te demitir!

- Espero que sim! – Luisa diz ainda suspirando. – E ai, falta muito?

- Chegamos!

Luisa olha em volta surpresa. O lugar ainda estava coberto pela nevoa da manhã, mas ela podia ver muito bem milhares de bruxas e bruxos no céu voando em suas vassouras. Ela rola os olhos sem acreditar no que ela via. Que coisa mais clichê, ela pensou consigo mesma.
Finalmente ela nota que eles pararam em uma pequena loja com a placa “Magia Digital” Seus olhos arregalam surpresa. Os bruxos também estão na internet? Lucas abre a porta que range antes de um pequeno sininho tocar anunciando a entrada deles.

Um flash de luz branca dispara contra eles cegando-os por um momento. Momentos depois, Luisa nota que eles estavam na loja que parecia maior do que aparentava e estavam cercados de computadores de última geração, incluindo os que nunca irão chegar ao mundo mortal, destinado somente para bruxos.

- O que é tudo isso? – Luisa pergunta ainda confusa. – Eu achei que iríamos para a academia de bruxos.

- E vamos, mas precisamos comprar algumas coisas antes- Lucas explica enquanto tira um papel velho do bolso. – Vejamos dois palmtops, dois laptops....

- Lucas, eu já tenho tudo isso...

- Aqueles não funcionam aqui. Tecnologia Mortal sempre dá curto aqui em Kadabra. Você precisa de tecnologia bruxuleante que ao contrário do que todo mundo diz, dá de dez a zero na dos mortais. Os nossos pelo menos funcionam no mundo mortal.

- Como é que é? – Luisa pergunta confusa sem entender nada.

Lucas dá um suspiro, como ele ia explicar isso para a irmã gêmea sem enrolar ainda mais a cabeça dela?Luisa não era muito entusiasta da ideia de ser uma bruxa, mas pelo menos ela estava tentando. Ela adorava sua vida como jornalista e não queria muitas mudanças em sua vida.

- Já sei. É tipo a tecnologia japonesa para carros, sabe? É bem superior a americana, a européia, e todas as demais, certo? – Luisa balança a cabeça finalmente entendendo. – É a mesma coisa a tecnologia bruxaleante. É mil vezes superior a tecnologia mortal. Os mortais acham Internet à rádio rápida? Isso porque eles nunca experimentaram Magia Digital Voadora. A Net realmente voa, tipo literalmente. E você ainda pode entrar na Net e surfar em uma vassoura até encontrar a página ou feitiço que deseja. É demais!

Para que varinhas, caldeirões e chapéis pontudos? As bruxas do século 21 têm tecnologia superior a dos mortais. – Luisa pensou consigo mesmo dando um sorriso malicioso. É, até que ser bruxa tinha suas vantagens nesse século. Contanto que ela não fosse terminar queimada em uma fogueira.

- E tem outra coisa – Lucas continuou seu discurso animado. – Os mortais se acham com sorte por conta da tecnologia Wi-fi? Ah!  Bom, nós inventamos isso no século passado, mas só agora chegou ao mundo dos mortais, com algumas diferenças. Páginas de Feiticeiros e Feitiços não aparecem para eles é claro. São as famosas “Page Not Found”

- Isso explica a quantidade enorme de “Page Not Found” – Luisa deduz começando a entender um pouco. Lucas havia estudado mesmo sobre magia nas últimas semanas. Ele não só sabia sobre árvore genealógica da família Lima, mas como também sabia tudo ou quase tudo, que deveria sobre magia em Kadabra.

Luisa franziu o cenho abrindo a boca para perguntar algo, mas ela desistiu no meio do caminho. Sua cabeça estava prestes de explodir e ela estava sem paciência de fazer mais perguntas idiotas para o seu irmão.

- Que seja! – Foi o que ela falou enquanto Lucas voltou a falar com a vendedora. Uma Feiticeira de cabelo roxo e óculos de gatinha da década de 50.



- Ahhh, e também vamos querer o volume resumido da Enciclopédia para Feiticeiros de Kadabra. – Lucas lembrou fazendo sua irmã franzir o rosto novamente. – Os Feiticeiros de Kadabra ainda estão escaneando os 500 milhões de volumes que existem aqui nessa dimensão. Então, esse volume resumido ajuda até eles acabarem de escanear, o que deve levar mais um século ou dois.

- Um século ou dois? – Luisa arregalou os olhos, estupefata – Você tá brincando não é?
- Não, não estou. Mas enquanto isso precisamos de feitiços, poções e magias para nos proteger. Por isso os laptops e palmtops. Afinal de contas você não vai poder ficar carregando um livro velho e embolorado de uma tonelada para lá e para cá não é mesmo?

- Acredito que não. – Luisa dá um suspiro frustrado. – Vamos embora logo? Já temos tudo que precisávamos?

- Acho que sim. Ahhh e não se preocupe. Nós só temos aulas todas às sextas feiras à meia noite. Com exceção das sextas feiras 13 e do dia 31 de Outubro e 01 de Novembro é claro. Que como você deve saber são feriados nacionais em Kadabra. Sem contar dia 25 de Dezembro que é outro feriado, o Solstício de Verão conhecido pelos mortais como Natal, Hanukah...

- É claro.

Lucas dá um sorriso malicioso. Ele sabia que Luisa só estava embarcando nessa loucura toda por causa dele.  Mas sempre foi assim. Ou eles faziam as coisas juntos, ou não faziam. E como sempre, Lucas conseguiu mais uma vez convencer a irmã de seguir sua intuição.
Naquele momento, Luisa decidiu que não ia ficar mais para trás. Ia aprender tudo que Lucas aprendeu no pouco tempo que eles descobriram serem bruxos. Afinal, não deve ser assim tão difícil. Ler alguns milhões de livros de uma tonelada, surfar em centenas de páginas de feitiços... A cabeça de Luisa doía só de pensar. Isso ia ser mais complicado do que ela imaginava. Ela precisava de ajuda.

- Ahn... Mano. – Ela pigarreia meio sem graça chamando a atenção do seu irmão gêmeo favorito – Será que você me daria uma ajuda com toda essa tecnologia bruxaleante? E com os feitiços? E com tudo referente à magia? Eu não quero parecer uma idiota no primeiro dia de aula.

Lucas dá um sorriso e abraça a irmã. Ele ficava feliz dela finalmente ter cedido e se juntar a ele pedindo sua ajuda.

- É claro, Sis. É para isso que estou aqui. Para te ajudar. Eu já havia dito antes, mas eu estou aqui para o que der e vier, oras. É para isso que servem os gêmeos afinal de contas.
- E eu preciso de um Tylenol urgente. Minha cabeça está prestes a explodir!

- Eu tenho uma poção que é perfeita para isso! – Lucas diz entregando um frasco para irmã que continha um líquido roxo. Luísa toma tudo em um gole só fazendo uma cara feia pelo gosto amargo da poção. Segundos depois a dor de cabeça havia realmente desaparecido. Como num passe de mágica, literalmente dessa vez.

Luisa dá um sorriso preocupado. Sabia que aquilo era só o começo de algo novo que ela nunca havia experimentado antes. Mas sabia por antemão que não ia ser nada fácil. Mas era mais prático estar preparada do que ser pega de surpresa. E ela precisava se preparar. Pois sabia que os demônios e outros seres que queriam seus poderes não iriam esperar tanto tempo assim.

E quando o momento chegasse, ela estaria pronta. Assim como Lucas.

FIM