domingo, 13 de novembro de 2011

Conto 7 - Diários de Uma Vampira


Conto: Diários de Uma Vampira
Autora: Louise Duarte
Classificação: R
Disclaimer: Esses personagens e história pertencem a mim, não publique o conto sem autorização prévia ou créditos necessários.

Rio de Janeiro, 12 de Maio de 2011.

Eu acordo e observo você dormindo. Oh Ewan. Você parece tão relaxado quando não está sob os efeitos da lua cheia. Eu aliso seus cabelos dourados que se prendem entre os meus dedos. Eu os solto antes de acariciar seu peito nu. Eu sorrio antes de me levantar, colocando meu robe, não ousando fazer um ruído que possa despertá-lo.

Vou até a janela e acendo um cigarro, quando imagens do meu passado invadem a minha mente. Memórias de um passado que eu preferia esquecer. De como eu fui condenada, amaldiçoada.

Eu comecei esse diário há uma semana e já estou quase terminando. Aqui narro a minha vida como vampira e como me tornei esse ser das trevas.

Se eu gosto dessa vida? Se eu gosto de roubar vidas inocentes para saciar à minha fome? Certamente que não, mas eu me adaptei a essa condição. Não há nada que possa fazer para mudar isso, infelizmente.

A fumaça do cigarro me acalma, mas logo depois fico nervosa novamente. Me lembro daquela terrível noite, da noite fatídica em que me tornei uma imortal.

Era o ano de 1885, na minha adorável cidade de Londres. Cidade onde nasci. Foi lá, no Regent’s Park  em Camden Town que conheci um homem misterioso e sinistro chamado Kiev Deville, um conde vindo da Ucrânia. Ele disse que transformaria a minha vida para sempre. E fez o prometido ao me violentar ali mesmo em uma área isolada do parque onde ele mordeu o meu pescoço sugando todo o meu sangue. Depois disso, ele ainda jogou o meu corpo no Regent’s Canal antes de desaparecer.

Eu renasci algumas horas depois. Saí molhada e semi nua do canal com as minhas roupas rasgadas e destruídas por aquele homem abominável.

Voltei caminhando lentamente para o Camden Town, o bairro onde eu morava com os meus pais. Depois de entrar em minha casa e trocar as minhas roupas úmidas após tomar um banho, eu sinto fome pela primeira vez. Uma sede de sangue, e isso significava que eu precisava me alimentar o quanto antes.

É quando a minha ama entra em meu quarto carregando uma muda de roupas. Eu não vejo outra alternativa e a ataco ali mesmo, sem dar chance para a pobre mulher de se defender. Eu era mais forte do que ela. Sempre fui, sem me dar conta disso. Eu devoro seu sangue com todo gosto e sem sentir nenhum pudor. Aquele liquido quente e rubro e ao mesmo tempo delicioso. Meus lábios ainda estavam com o liquido escorrendo pelos cantos da minha boca quando comecei a me sentir diferente. Mais forte. Sinto a minha pele mais enrijecida, mais translúcida, meu cabelo mais sedoso e meus olhos mais vistosos.


Apesar do que eu fiz, eu me sinto bem, me sinto satisfeita. Mas tudo muda quando meus pais entram em meu quarto e se dão conta do que aconteceu. Eles olham para mim, chocados com a cena. Chocados em ver nossa ama, morta e pálida no chão.

-       Kate, o que você fez? – Minha mãe pergunta assustada, vendo a minha nova aparência. Eu estava mais bonita, mas também estava assustadora, com meus olhos amarelos como de um lince e caninos.

Eu, Kate Austeen era uma vampira aos 21 anos e já tinha feito a minha primeira vitima antes mesmo do dia acabar e com poucas horas depois de ter sido transformada. Eu não sabia se isso era bom ou ruim. Ou muito ruim.

Com medo de repetir o feito com meus pais, eu saio correndo usando somente o vestido que acabara de colocar.

Depois de vagar por horas pelas ruas de Londres, vou parar em um bordel chamado “Red Light” ou “Luz Vermelha” e apesar de não me conhecer, a dona me acolhe quando eu aceito trabalhar para ela em troca de ter um lugar para ficar.

O inicio do meu primeiro emprego foi difícil porque acabei matando alguns clientes e precisava me livrar dos corpos antes que a Senhora Darcy desconfiasse de algo.

Com o tempo, eu acabei me adaptando e não matava somente meus clientes, mas pessoas que cruzavam meu caminho na rua quando a minha fome apertava. Eu ficava com pena delas, mas não era a culpa das coitadas terem cruzado o caminho de uma vampira com o estômago vazio.  

Eu tive vários relacionamentos. Entre amantes, clientes, admiradores e até mesmo o Senhor Deville, voltou uma noite ao me descobrir trabalhando para a Senhora Darcy. Ele queria pagar muito caro para me ter por uma noite e tentou negociar isso com a senhora Darcy, que acabou aceitando o acordo. Não tive outra alternativa a não ser me deitar com ele.

-       Você deveria me agradecer, minha querida. Eu lhe fiz um favor lhe transformando em uma imortal. Você nunca irá morrer ou ficar doente. Irá viver para sempre e será jovem por toda eternidade.
-       Mas a que preço ? – Eu lhe pergunto, saindo da cama o mais rápido possível e colocando minhas roupas de volta. – Tirando a vida de pessoas inocentes para poder me alimentar? Isso é horrível.
-       Você se acostuma. – Ele diz, enquanto se vestia novamente. Ele joga o dinheiro na cama, me fazendo me sentir um lixo, antes de ir embora. Eu nunca mais o vejo depois dessa ocasião.

Infelizmente ele estava certo. Eu me acostumei mesmo. Por mais horrível que seja admitir. Quando você é um vampiro, você precisa escolher entre a sobrevivência e a sua consciência moral e infelizmente, a minha sobrevivência continua falando mais alto. Eu sou fraca. Muito fraca.

Foi por esse mesmo motivo que sempre tentei evitar me relacionar com homens de uma maneira mais profunda que a carnal. Eu não poderia me apaixonar e deixar ser levada por aquele impulso e depois não conseguir me controlar e acabar matando o pobre diabo. Isso não poderia acontecer de jeito nenhum.

É claro que isso mudou quando eu te conheci Ewan. Você me mudou. Mas você é diferente como eu. É um ser das trevas como eu e juntos nós nos completamos. E ajudamos um ao outro. Você me ajuda nas minhas necessidades de vampira e eu te ajudo nas suas necessidades de lobisomem. É por isso que a nossa parceria dá tão certo. Eu acabei me apaixonando por você de verdade Ewan Carmichael. Eu pergunto se vampiros tem o direito de se apaixonar, sendo esse um sentimento tão humano. Mas eu não me importo, você foi o único ser que me fez me sentir dessa maneira.

O único homem que me faz delirar em nossas noites de amor, o único que me entende e que pode compartilhar comigo de nossas noites de crime. Somos a versão sobrenatural de Bonnie & Clyde. Nossas noites se reúnem em sangue, suor e sexo. Meus três esses (“S”) favoritos.

Eu dou um sorriso bobo, lembrando de nossas noites de prazer. Meu estômago ronca e vou até a cozinha. Pego uma caneca de sangue congelado que mantenho na geladeira e coloco no microondas para esquentar. Um minuto depois está aquecida e quentinha para me alimentar já que não estou com muita disposição para sair e nossa “dispensa” ou melhor sótão está cheio de comida. Sangue fresquinho.

Volto para o meu quarto com a caneca, e começo a escrever novamente antes de notar você se mexendo na cama. Ouço um rosnado, seguido de um barulho e vejo você acordando. Você se levanta e caminha nu em pelo na minha direção, se aproximando de mim antes de me fazer largar a caneta que usava para preencher as páginas desse diário. Começa a me despir em seguida, rosnando no meu ouvido quando meu robe cai por completo no chão, revelando minha nudez. Você então me leva para cama, lambendo meu pescoço e uivando de excitação. Acho que você tem outros planos em mente para essa noite, Ewan. Vou ter que terminar esse diário uma outra hora.

FIM 

Conto 6 - Tudo Que Ela Faz É Mágico


Tudo Que Ela Faz É Mágico 

                                               por Louise Duarte

Luisa acordou agitada naquela noite. E o pior de tudo é que ela não sabia o porquê. Ela tinha certeza que não tinha nada a ver com o forte calor que caia sobre o Rio de Janeiro ou “Hell de Janeiro” como um amigo apelidou a cidade. Não sabia dizer se era porque ela pressentia que uma guerra se aproximava. Uma guerra entre o bem e o mal e ela não sabia nem quanto tempo isso iria demorar a acontecer.

Ela decide aproveitar sua insônia para escrever algo. Como boa repórter do jornal Noticias Globais, ela dá um suspiro ao ver seu namorado Carlos dormindo em sua cama, e deixa o quarto na ponta dos pés para não acordá-lo.

Ela pega seu laptop e se se senta à mesa da sala, enquanto o computador ligava, mas sua cabeça continuava distante. Ela não iria conseguir escrever um artigo também. Sua mente estava a mil e ela precisava desacelerá-la um pouco.

Ela aproveita o computador ligado e pesquisa em alguns sites de Bruxos desconhecidos por humanos. As famosas “Pages Not Found” que na verdade são sites com feitiços e poções, mas que eram disfarçados através de um feitiço para que os mortais não soubessem da existência de bruxos de verdade coexistindo com eles.

Como o computador estava demorando um pouco para carregar as páginas, Luisa decidiu tentar um truque que aprendeu com uma bruxa da Califórnia. Ela coloca sua mão na tela do computador e se concentra. Segundos depois, ela começa a acessar os sites sem nem precisar passar o cursor por eles. E como por um passe de mágica (literalmente!), ela memoriza todos os feitiços e poções de que precisaria.

-       Luisa, o que é que você está fazendo? – Uma voz rouca, pergunta atrás dela. Luisa se assusta antes de notar Carlos acordado, vestindo apenas o short preto de seu pijama de seda, já que estava muito quente na capital carioca. Apesar de sonolento e sem usar seus óculos de grau, o repórter nota o que Luisa fazia.

-       Eu não conseguia dormir – Ela justifica, se sentindo um pouco culpada por usar magia daquela forma.

-       Ainda nervosa por conta do ataque ao jornal? Eu sei que você ficou um pouco abalada, mas, estão todos bem. Ninguém saiu ferido, querida.

-       Eu sei disso, Carlos, mas aquele ataque foi para mim. Foi um aviso. Dizia claramente que eu não sei com quem eu estou mexendo e que é um erro eu tentar mexer nesse vespeiro sobrenatural.

-       Calma, Lu. – Carlos tenta confortá-la, acariciando seus longos braços, fazendo-a dar pequenos gemidos. Ela dá um suspiro notando que aquilo não iria dar certo naquele momento.

-       Sinto muito Carlos, mas eu não estou no clima. Quem sabe outra hora, sim? – Ela diz um pouco frustrada enquanto tentava navegar em outro site de feitiços, antes de sumir em uma nuvem de fumaça lilás diante da expressão surpresa do namorado, que ainda não havia se acostumado com a mudança que suas vidas sofrera desde que Luisa descobrira que era uma bruxa.

Do outro lado da cidade, Luisa aparece no apartamento de seu irmão gêmeo Lucas, que olhava para ela com um olhar reprovador.

-       Muito bem, posso saber o que você está fazendo? – O bruxo pergunta enquanto Luisa tentava recobrar o equilíbrio. Ela ainda não havia se acostumado com a maneira que Lucas arranjara para torturá-la desde que eles se tornaram bruxos: invocá-la na hora que ele quisesse por teletransporte. Embora ela pudesse fazer o mesmo com ele já que eles eram ligados telepaticamente, mas ela odiava quando ele abusava desse poder para proveito próprio.

-       Como assim? Foi você que me chamou aqui, lembra? – Ela relembra, se sentando no sofá branco de couro do fotógrafo, enquanto tentava fazer com que a tontura passasse. – E quantas vezes eu já pedi para você não me convocar assim? Eu poderia ter vindo de carro.

-       Assim é mais rápido. Depois, a sua tontura já vai passar. E eu não poderia esperar você enfrentar esse trânsito caótico até chegar aqui.

-       Lucas há essa hora não tem trânsito. São quase duas da manhã.

-       Que seja. Era importante o que eu tinha para conversar com você. Não poderia esperar.  – Ele se ajoelha diante dela, segurando suas mãos e olhando seus grandes olhos castanhos antes de iniciar o papo. - Olha, maninha. Você sabe que eu te amo mais do que tudo no mundo, mas estou muito preocupado com você. Essa inversão de papéis entre nós não é legal.

-       Inversão de papéis? Do que você está falando? – Luisa pergunta confusa.

-       Luisa, mana. Você sempre foi a irmã responsável da nossa dupla e eu o irmão irresponsável, mulherengo, garanhão, conquistador... – Lucas diz com um sorriso sarcástico no rosto fazendo Luisa rolar os olhos.

-       Ta, eu já entendi Luc...

-       O fato é que desde que você voltou daquela viagem onde conheceu aquele Coven na Califórnia, você anda agindo de maneira diferente em relação à bruxaria. Você anda descuidada. Mais ainda. Você anda usando magia para futilidades como para acelerar a conexão do seu computador, como você fez hoje.

-       Eu sei, mas é que... Estava tão lerdo... Eu não agüentava esperar tanto tempo. Depois, eu estou muito estressada ultimamente especialmente depois do ataque ao jornal. Eu não estava aguentando. Sem contar que o deadline para entregar o meu artigo para o jornal é amanhã de manhã e eu ainda não consegui nem escrever o lead. – Ela dá um longo suspiro – Depois foi você que me convenceu de ir para Califórnia conhecer aquelas bruxas lembra? Trocar conhecimentos e aprender com bruxas experientes foram as suas exatas palavras.

-       Eu só não achei que você fosse ser corrompida em tão pouco tempo. – Lucas argumenta. – Eu aposto que foi aquela bruxa ruiva que tentou destruir o mundo. Ela é encrenca na certa.

-       A Aly? É, ela tinha razão. Ninguém compreende como lidar com magia é tentador.

-       Por favor, Lu. Eu só te peço para ser mais cuidadosa está bem? Você lembra-se da nossa profecia não lembra? Juntos nós somos imbatíveis, mas separados... Podemos ser facilmente corrompidos para o lado das trevas. E um de nós será corrompido, se não unirmos nossas forças para essa luta, mana. Por favor, tome cuidado.

Luisa dá um longo suspiro sabendo que seu irmão estava certo. Ela não queria virar uma bruxa das trevas, especialmente porque aquilo significaria que ela teria que lutar contra Lucas e aquilo estava fora de cogitação. Mas a convenção anual de bruxas vindas de todos os cantos do planeta conhecido como BruxCon que aconteceu no mês passado na Califórnia, só a fez enxergar o seu novo mundo com um olhar diferente. Uma nova perspectiva.

Embora a bruxa de que Lucas tinha medo Alyson ou Aly, fosse uma bruxa poderosa, ela se perdeu em seu próprio mundo mágico ao mexer com magia negra e usar seu dom para qualquer trivialidade. E ele estava preocupado, muito preocupado, que sua amizade com Luisa pudesse influenciar a irmã de alguma maneira. Ele suspira, tentando ignorar aquele tipo de pensamento antes de abrir um sorriso, tentando não mostrar para Luisa o quanto estava preocupado com ela.

-       Você só precisa relaxar. Por que não volta para casa agora, toma um banho de banheira, relaxa... E tenta escrever o seu artigo.

-       Isso se o Carlos me deixar, ele ainda está no meu apartamento e eu acredito que ele tenha outros planos em mente...

-       Melhor ainda! – Lucas diz com um sorriso safado arqueando as sobrancelhas.

-       Lucas! – Luisa reclama corando diferentes tons de vermelho. – Ai, tudo bem. Eu vou para casa. Qualquer coisa para evitar essa conversa com você. – Ela dá de ombros antes de Lucas a  teletransportar de volta para o seu apartamento.

Lucas olha preocupado para a imagem de a irmã desaparecer em uma cortina de fumaça. Ele precisava se preparar caso fosse necessário enfrentar Luisa por mais que ele odiasse aquela possibilidade. Mas as profecias da família Lima eram claras como água. Eles iriam combater as forças do mal se estivessem unidos, caso contrário, um deles seria seduzido para as forças das trevas e um se voltaria contra o outro. E Lucas precisaria evitar aquilo a todo custo. Ele precisaria salvar a vida da irmã antes que fosse tarde demais.

Ele pega seu celular que estava na mesa e faz uma ligação a cobrar. – Alô, mamãe? Sou eu, Lucas. Será que podemos nos ver? Precisamos conversar a respeito da profecia. Eu estou preocupado com a Luisa.

Depois de combinar de encontrar com sua mãe no dia seguinte, ele desliga o telefone antes de voltar para seu quarto e parar de pensar na possibilidade de que sua irmã pudesse ser seduzida para o lado “dark” da bruxaria. Aquilo era o que ele menos queria.

Luisa chega a casa e se dá por satisfeita quando encontra Carlos dormindo no sofá. Ela continuava sem cabeça para o que ele tinha em mente.

Ela dá um beijo no rosto dele e volta para a mesa para tentar escrever seu artigo. Agora que ela estava um mais calma e sua mente tinha desacelerado um pouco depois da conversa com Lucas, ela poderia se concentrar em seu trabalho. Por sorte, ela agora possuía uma coluna semanal no jornal e estava mais flexível para ela se ausentar por conta de desculpas esfarrapadas de “problemas de família”. Ela não sabia mais por quanto tempo ela ia conseguir inventar aquele tipo de desculpa até seu chefe resolver demiti-la.

Quando ela toca na tela do computador novamente, sua mão sente faíscas de energia. Aquele poder era tentador demais. Ela rapidamente, tira sua mão do monitor e começa a digitar o seu texto para sua coluna. Por sorte era uma coluna para a Internet e ela não precisaria ter que ir pessoalmente ao jornal no dia seguinte. Estava exausta demais para acordar cedo. Ela revisa o texto novamente antes de publicá-lo no site do jornal. Ela dá um suspiro aliviado, antes de desligar o computador, notando que Carlos finalmente acordara.

Ela o ajuda a ir para o quarto, que sonolento falava frases sem sentido. Eles se deitam na cama, abraçados sem notarem que eram observados por uma mulher jovem, ruiva e de olhos negros. Alyson tinha chegado ao Brasil e estava determinada em fazer com que Luisa visse seu ponto de vista. Por bem... Ou por mal.

FIM

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Conto 5 - Encantado



Encantado

Por Louise Duarte     

Kadabra era um lugar mágico. A cidade que tinha um piso encantado formado por cristais azuis especiais, era também uma dimensão paralela onde havia um fuso horário de uma semana com a terra. Por isso os bruxos estavam sempre adiantados em relação aos humanos. Era uma cidade habitada por feiticeiros e o lugar perfeito para ensinar novos aprendizes como Lucas Lima.

Mas Lucas não foi para Kadabra naquela semana para se informar de eventos futuros. Nem para estudar feitiçaria. Sim, Lucas era um bruxo poderoso assim como sua irmã gêmea Luísa Lima. Mas naquele dia, ele tinha outros planos em mente. Ou melhor, ele tinha outra pessoa em mente.

Sua outra irmã, Erica que Morava em Gramado com o resto da família, avisou o irmão mais velho que Sofia Zimmerman, a garota-fantasma por quem Lucas era apaixonado estava na cidade com a prima deles, Celeste. A oportunidade perfeita para o jovem feiticeiro poder ficar sozinho com Sofia. Ele só precisava se livrar de Celeste. Mas isso não poderia ser difícil, ele pensa. Ela era uma garota e distrair Celeste era mais fácil do que distrair um poodle. Especialmente se você mostrasse livros de magia para ela, com feitiços dos antepassados deles. Ela ficava tão absorvida por eles que se esquecia da vida. Podia acontecer um acidente que ela nem iria notar.

Mas infelizmente para o azar dele, não havia volumes sobre a família Lima em Kadabra. Eles estavam limitados à família Lima. O jovem fotógrafo olha Sofia e Celeste conversando antes de notar sua prima pegando um livro grosso com a palavra “Transmorfo” gravada na capa. Perfeito! Celeste era uma transmorfa assim como seu pai. E como os jovens transmorfos,  seus poderes começaram a aparecer aos quinze anos. Passaram-se três anos desde então, mas ela ainda queria aprender mais sobre suas habilidades e lia tudo que podia a respeito. Celeste além de bruxa, também poderia se transformar em uma pantera.  Os pais de Celeste não foram os únicos da família Lima a se casarem com outros seres mágicos que não fossem bruxos. Sua prima em segundo grau Amora, por exemplo, era híbrida de bruxa com Cupido.  E Lucas sabia de outras gerações que se casaram com vampiros, lobisomens, humanos, embora as famílias tradicionais ainda preferissem casamentos entre bruxos.

Lucas volta á realidade,  balançando a cabeça ao notar Sofia e Celeste novamente. Para a sorte de Lucas, Sofia estava do outro lado da biblioteca olhando livros sobre fantasmas e espíritos. Sofia já conseguia mover e tocar objetos sólidos além de aparecer e desaparecer quando quisesse. Ela só precisava saber por quanto tempo ela ainda iria ficar na terra, mas ela só deveria ir para outro plano astral quando descobrisse quem a matou e ela não tinha certeza se queria descobrir. Ela tinha medo de desvendar como tudo aconteceu e por isso reprimia qualquer tipo de lembrança que pudesse ter com o dia em que morreu.

Lucas se aproxima de Sofia como não quer nada, olhando de rabo de olho o livro que ela lia.

-      Oi Sofia, você por aqui? – Ele diz tentando soar casual.
-      Lucas? – A fantasminha olha para ele surpresa. – O que você faz aqui?
-      Esqueceu que Kadabra é uma dimensão mágica visitada por bruxos? Eu sou um bruxo. Eu que deveria perguntar, o que você faz aqui.
-      Eu vim com a Celeste. Ela me falou de uns livros legais sobre espíritos que poderiam me interessar. E para o seu governo, Kadabra não é limitado só para bruxos ok? Fantasmas, transmorfos, lobisomens, sátiros e até vampiros vem aqui também.
-      Eu sei disso. – Lucas responde de má vontade tentando não parecer surpreso com a novidade. – Desculpa, Sofia. Eu não queria brigar. Vamos começar de novo?
-      Tudo bem.  – Sofia diz dando um suspiro, apesar de estar morta.
-      Então, eu vim aqui atrás de um material novo para mim e para a Luísa para nossas aulas de magia futura.
-      Magia Futura? Que diabos é isso? – Ela pergunta interessada.
-      Bom, na verdade a matéria se chama Magia Futurística dos Séculos XXII, XXIII e XXIV e maneiras de como evitar futuros desastres, mas acho que Magia Futura abrevia melhor. São práticas antigas evoluídas para o novo milênio com o intuito de ajudar futuras gerações nos próximos três séculos. Na próxima aula que vai ser depois do carnaval, iremos fazer uma viagem no tempo para o século XXII para observar algumas dessas novas práticas.
-      Parece interessante. – Sofia sorri com sinceridade. Ela estava começando a  simpatizar com Lucas. Mas não sabia se podia confiar nele, sabendo a fama de “galinha”, que ele tinha.
-      E é. – Lucas sorri de volta tentando evitar o sorriso idiota que Sofia colocava estampada em seu rosto sempre que eles se reencontravam.
-      Você já fez isso antes? Viajar no tempo ? – Sofia quer saber.
-      Sozinho, ainda não. Mas quem sabe um dia? Eu sempre gostei do tema. Não é á toa que “De Volta para o Futuro” seja a minha trilogia favorita. Mas parece que tem umas aulas de técnicas avançadas de viagens no tempo. Eu vou ver se me matriculo nelas para o semestre que vem. Mas nesse semestre já estou com Magias Futuras o que já quebra o galho.
-      Boa Sorte, Lucas. Bom, eu preciso voltar agora. A Celeste vai notar a minha ausência.
-      Vai nada. Ela continua distraída com aquele livro de transmorfos.  – Lucas lembra ao que eles olham Celeste ainda distraída lendo o livro sobre transmorfos em uma das mesas da biblioteca. - Por que você não vem comigo até ao refeitório de Kadabra?
-      Lucas… você esqueceu? Eu não como.
-      Ahhhh…. Ai! – Lucas bate a palma da mão na testa, se dando conta da burrada que fez. Duh. Claro que ela não comia. Ela era uma fantasma. Fantasmas não comem, ou dormem, ou fazem coisas que humanos ou bruxos fazem. Lucas era realmente um ser bizarro se apaixonando por uma fantasma. Eles não podiam nem se tocar, como iriam se beijar? E o pior de tudo, é que Lucas estava mesmo se apaixonando por ela. Isso era castigo dos céus por ter sido tão mulherengo sua vida toda. – Me desculpe. Eu me esqueci desse detalhe. Bom, podemos ir á outro lugar então. Que tal o parque? Lá podemos conversar com calma. O que acha?
-      Perfeito. – Sofia abre um sorriso de orelha á orelha antes de acompanhá-lo até o parque central de Kadabra.

No parque, eles se sentam em um banco antes de começarem a conversar novamente. Sofia estava mais relaxada e parecia até se divertir com as piadas bobas de Lucas. Até que ele não era tão mal. Quem sabe ela o estivesse julgando sem conhecê-lo direito. Eles sempre conversaram pouco das poucas vezes que se encontraram e na última vez que se viram naquela viagem de trem para Vitória, ela acabou dando o bolo nele depois, com medo de ser magoada. Mas ela resolveu dar uma segunda chance a ele. Ela podia se surpreender com o fotógrafo.

-      Nossa, eu estou impressionada com a sua família. Não sabia que havia tantos híbridos nela. Pensei que a Celeste fosse a única. – Sofia diz rindo.

-      Que nada. A nossa prima distante Amora é filha de um cupido também. O único problema dela é a mania irritante dela de querer ficar achando almas gêmeas para todo mundo. O que é meio irônico já que ela ainda não achou uma nem para ela.

-      Ai, Lucas. Coitada.

-      É, acho que eu fui um pouco duro com ela. Mas de qualquer jeito, como você pode ver, a Celeste não é a única híbrida da família.

-      Interessante. Aliás, eu acho a história da sua família fascinante. – Sofia revela baixando sua guarda, sem notar que Lucas estava prestes para dar o bote. Ele se aproxima mais ainda dela, preparado para esticar os braços para abraçá-la e roubar um beijo da fantasminha, sabendo que agora Sofia era sólida, desde que conseguiu se concentrar para tocar objetos, e conseguiu se fazer sólida também.

-      Um dia eu te conto sobre as minhas ancestrais. Quando tivermos mais tempo.

Sofia arregala o olho notando o que Lucas tinha em mente. Ela arqueia a sobrancelha, não acreditando como ela foi ingênua em cair no papo furado dele. Mas ela também sabia jogar. Ela o deixa acreditar que ia conseguir beijá-la. Lucas passa seu braço nas costas de Sofia, antes de se aproximar para beijá-la. Quando seus lábios estavam próximos o suficiente para o beijo acontecer, a fantasminha desaparece deixando Lucas frustrado.

-      Ei, isso não vale! Você trapaceou!  - O feiticeiro reclama.
-      Você que trapaceou, Lucas Lima! Se você queria um beijo era só pedir. Mas eu não vou te beijar forçada. – Sofia reclama depois de reaparecer do outro lado do banco.
-      Ei, isso não é justo. Eu só queria um beijinho. É pedir muito?

Sofia pensa por um momento. Lucas era insistente. Isso ela podia ver. Ela olha para ele ainda meio enfezada com a tentativa dele antes de decidir o que fazer.

-Não, não é pedir muito. Você tem razão. Eu reagi mal. Desculpa. Mas agora eu preciso ir, Lucas. – Ela informa para a decepção do bruxo, antes dela lhe dar um beijo estalado no rosto, antes de desaparecer.

Lucas cora sem graça antes de notar que Sofia não é apenas mais uma conquista em sua grande lista de garotas. Ele estava se apaixonando por ela de verdade. E perdidamente. Ele estava amaldiçoado.

Não, era mais do que isso. Lucas estava completamente encantado por Sofia. Agora ele precisava fazer alguma coisa para provar para ela que era um homem decente e lutar pelo seu amor. Mesmo que ela não tivesse muito tempo na terra, ele queria ajudá-la. Ele queria amá-la. E acima de tudo queria protegê-la.

-      É Lucas, parece que você vai ter que pagar aqueles 50 reais que você apostou com a Luísa que não iria se apaixonar. – Ele diz para si mesmo dando de ombros sem se importar com isso. Ele estava apaixonado e não estava nem aí. Ele olha para os lados desconfiado que sua prima Amora pudesse estar por perto, mas nem sinal dela.  Lucas sai andando em direção á biblioteca sem notar Amora aparecendo segundos depois encoberta em uma órbita cor de rosa.
-      A sua história com a Sofia só está começando priminho. – Amora diz com um sorriso sacana nos lábios. – Vocês ainda terão um longo caminho para percorrerem antes de finalmente conseguirem ficar juntos, mas eu garanto que valerá a pena.

FIM

Artes baseadas nos meus personagens...

Já que estou  mexendo no Photoshop e no Corel Draw  e inspirada, resolvi fazer uns gráficos inspirados nos personagens dos meus contos de Uma Família Encantada e Criaturas da Noite. Só ficou faltando mesmo o Carlos, mas ainda não consegui decidir por ele. Só sei que ele seria moreno, de 1,90, de olhos azuis e que usa óculos. Estilo Clark Kent... Oh Well... :P


Espero que gostem dos gráficos...



Personagem: Luísa Lima
Contos: Uma Família Encantada e A Festa (o último escrito por E.H Mattos)



Personagem: Lucas Lima
Contos: Uma Família Encantada

Personagem: Sofia Zimmerman
Contos: Uma Familia Encantada

Personagens: Kate Austeen e Ewan Carmichael
Contos: Criaturas da Noite, Instinto Animal e A Festa (o último escrito por E.H Mattos)

sábado, 2 de abril de 2011

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sociedade das Sombras (Anúncio)

Sociedade das Sombras

"A partir de hoje, você está sob o olhar atento da Sociedade das Sombras e ao ingressar pelo mundo oculto na escuridão, terá privilégios que só o saber pode dar a alguém, como deveres que tal conhecimento te trará. Cuidado a quem revele o segredo dos seres nas sombras, pois não vai gostar de receber uma visita de um dos nossos membros." - Sociedade das Sombras

A Sociedade das Sombras é uma antiga sociedade secreta, que protege um segredo milenar, mas que ninguém sabe ao certo se existe. Vampiros, lobisomens, bruxos e outros seres conhecidos pelos humanos como sobrenaturais, sempre povoaram as mentes de geração após geração, dando origem a lendas e histórias das mais diversas. Porém já parou para imaginar que se tais seres fossem reais, como os humanos não saberiam de sua existência? Simples, porque a Sociedade das Sombras mantém o segredo, até dos próprios seres que são relatados nas lendas. Desde que eles se comportem e se mantenham ocultos nas sombras. Porque a maioria dos seres, humanos ou não, nunca ouviram falar da Sociedade das Sombras, ou se ouviram, acham que é tão fantástica quanto outras famosas sociedades secretas por ai. Já aqueles que tiveram o privilégio de saber a verdade, nem sempre ficaram muito felizes com tal descoberta.

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Sociedade das Sombras – Contos Sobrenaturais é uma antologia que reúne autores que participaram do programa da rádio Digital Rio e/ou se tornaram parceiros do blog Contos Sobrenaturais. Composta por contos dos mais variados, a antologia manterá a ideia do programa, que busca as mais variadas histórias sobre seres lendários ou não, onde o fã de literatura fantástica e sobrenatural pode encontrar histórias e estilos dos mais diversos. Mantendo o foco nos mundos ocultos nas sombras, essa antologia trará em especial, histórias fantásticas onde o segredo da existência de seres sobrenaturais é guardado a sete chaves.

Após um ano na rede, junto com a Digital Rio online, o programa Contos Sobrenaturais resolveu ir além das ondas do rádio. Convidamos os autores que abraçaram nossa causa no ano que passou (ao incentivo a leitura do fantástico sobrenatural) de alguma forma e em parceria com a Editora Estronho, queremos não só incentivar o prazer da leitura através das ondas do rádio, mas também da forma que se deve, pelas páginas de um livro. E não há melhor maneira que um bom conto de terror, aventura ou mesmo comédia. Porque não é só de história de arrepiar que vive o mundo da literatura fantástica sobrenatural. O medo pode ser divertido também. Afinal, no fim das contas, é por isso que buscamos a literatura fantástica, para nos divertir.

Nas páginas de Sociedade das Sombras – Contos Sobrenaturais será revelado o mundo fantástico dos seres ocultos nas sombras a milênios, quem são, como vivem, quem amam, quem odeiam... Eles vão revelar seu segredo à você, mas deve guardá-lo ou ficará por sua conta e risco. Lembre-se que a Sociedade das Sombras não existe... Desde que o segredo continue oculto na escuridão.

Em breve confirmaremos todos os autores que aceitaram nosso convite para ingressar na Sociedade das Sombras e estão participando da antologia (já pode conferir o nome de alguns na página da antologia na Editora Estronho) e a cada nova semana, vamos falar de um autor em particular. Fique ligado nos blogs e na rádio, muita coisa vai acontecer até maio de 2011.

E tome cuidado, pois agora que sabe sobre a Sociedade das Sombras, ela está de olho em você.

Tenha adoráveis pesadelos.




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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Conto 4 - Criaturas da Noite

    Photobucket
Conto: Criaturas Da Noite 
Autora: Louise Duarte
Classificação: R
Disclaimer: Esses personagens e história pertencem a mim, não publique o conto sem autorização prévia ou créditos necessários.

Rio de Janeiro, Junho de 2010

Meia Noite
Luisa e Carlos estavam em São Cristovão em uma estação do Metrô carioca, usando roupas de frio devido ao tempo ter virado novamente. Eles faziam anotações anotando tudo o que podiam sobre o que havia acontecido. O lugar estava lotado de gente. Desde repórteres até policiais, IML, detetives e testemunhas.

Mas o que aconteceu? Luisa se perguntava. Ela ainda não entendia até agora e nem mesmo os policiais. Um dos carros pertencentes ao metrô foi atacado por algum animal selvagem. Ou melhor, mais de uma criatura selvagem. O que quer que tenha matado aquelas pessoas não pode ter sido só um animal. Todas as vítimas que haviam pego o metrô naquela noite fria, jamais chegaram em casa.

Luisa estava feliz por aquela noite não ser outra noite em que teria que ser sabatinada sobre feitiços e poções e poderia ter uma noite quase normal trabalhando ao lado de seu namorado e parceiro, Carlos.

- Então, alguma pista detetive Oliver? – Luisa pergunta enquanto Carlos continuava a fazer anotações.

- Bom, não muitas senhorita Lima. Somente que foi mais de um animal que fez esse estrago. Não posso entrar em detalhes, mas esse é o 5º ataque a um trem ou carro de metrô nessa semana.

- Nós lemos a respeito. – Carlos interrompe checando suas anotações. – Antes disso ainda tiveram em São Paulo, Porto Alegre, Paraná... Sem contar em cidades fora do Brasil como Londres, Escócia e Estados Unidos certo?

- Sim. – O detetive coça a cabeça meio confuso. – Mas não acho que os crimes estejam ligados. Quer dizer. Por que algum animal viajaria de tão longe para atacar a população brasileira quando a carne estrangeira é tão melhor? Não faz muito sentido não é mesmo? – Ele ironiza.

 Luisa revira os olhos quanto à ignorância do detetive. Outro cético ela notou. Bom, ela não deveria reclamar muito já que ela era cética até bem pouco tempo. Antes de descobrir que era uma bruxa, quando tudo mudou e sua visão cínica do mundo foi para o espaço. Agora ela praticava bruxaria, fazia poções, recitava feitiços e até voava.

- Gente, sem querer ser meio óbvia, mas quem cometeu esses crimes leu muito Agatha Christie. Perceberam que tem um padrão? Trens, metrôs? – Luisa diz com ar de superioridade. – Eu não vou ficar nada surpresa se colocarem hotéis ou navios em breve...

- Luisa... – Carlos tenta interrompe-la, mas Luisa tinha certeza do que falava.

- Eu falo sério, Carlos. Das duas uma. Ou o assassino é mesmo fã desse tipo de ficção... Ou eles vieram da Europa mesmo.

- Isso é tudo? – Detetive Oliver quer saber. – Eu preciso voltar para a delegacia.

- Por enquanto sim, detetive. Obrigada. – Luisa agradece enquanto guardava o bloco de notas na bolsa.

-E agora o que faremos? – Carlos pergunta antes de notar o celular de Luisa vibrando. Ele nota o nome de “Lucas” piscando no visor antes de Luisa atender.

- O que você quer, Lucas? Eu estou trabalhando. – Luisa diz meio sem paciência.

- Descobriram alguma coisa? – Lucas, irmão gêmeo de Luisa pergunta curioso.

- Só o que já sabíamos. Tem alguém ou alguma coisa fazendo vitimas por aqui.

- Isso é muito estranho... – Lucas diz encucado.

- Sim, é... – Luisa concorda. – Mais ainda do que estamos acostumados.

- Você ainda não viu nada, mana. Depois que estivermos com todo o nosso poder, as forças do mal vão começar a emergir com força total. É por isso que precisamos estar preparados.

- Quer dizer, que pode piorar? Pior do que isso? Eu não sei se quero ver mais disso... É muito nojento... E assustador.

- Eu sei, mana. Mas está no nosso sangue proteger os humanos. E parece que esqueceram o Brasil nas últimas décadas. Não tem nenhuma Liga de Super heróis ou Bruxas por aqui. Essa é uma das razões da nossa família ter se fincado aqui.

- Você está gozando com a minha cara não é, Luc? Isso não é hora para brincadeira.

- Tá, eu confesso. A parte de super heróis, foi gozação. Mas isso é sério mana. As forças do mal estão se unindo e estão querendo destruir as forças do bem. Nós precisamos estar preparados.

- Ai, Lucas. Está bem. Você já está repetindo o mesmo diálogo desde que essa loucura começou. Precisamos estar preparados. Já entendi essa parte. Quando vai começar o nosso treinamento mesmo?

- Essa sexta feira. A meia noite. Então não se esqueça mana. – Lucas diz finalmente antes de desligar o telefone.

- Ele é tão dramático de vez em quando. – Luisa diz balançando a cabeça. – Bom, não tem mais nada para fazer aqui. Que tal se formos para casa? Eu estou exausta e minha cama me espera.

- Eu acho uma ótima idéia... – Carlos diz beijando os lábios da namorada antes deles saírem do local, abraçados.

***
Ainda no mesmo local, duas figuras sombrias saem das sombras se revelando, mas sem serem notados por Luisa ou Carlos que já haviam deixado o local. Kate Austen e Ewan Carmichael lambiam os lábios de maneira maliciosa. Kate ainda tinha sangue em seus lábios enquanto que Ewan finalmente havia conseguido trocar de roupa depois de rasgar as suas. Era a mesma coisa todo mês durante a lua cheia.

Desde que deixaram a Escócia juntos, eles viajaram pela Europa e América espalhando terror pelas cidades por onde estiveram. Eles até chegaram a ficar hospedados por alguns meses em um subúrbio americano, mas quando garotas adolescentes começaram a aparecerem mortas no bairro  nas noites em que Ewan sumia durante as noites de Lua Cheia, Ewan e Kate acharam que era melhor acharem um lugar melhor. E o Brasil parecia à escolha certa.

Eles escolheram o bairro do Recreio dos Bandeirantes por conta das conexões de Kate. Ela tinha uns conhecidos que alugaram uma mansão bem distante no bairro e assim não seriam importunados por ninguém. A mansão era grande, acolhedora, com muitos quartos e uma piscina, além de uma adega no porão. Lugar perfeito para trazer os “lanchinhos” de Kate. E depois se livrar deles por lá mesmo.

- Dá para próxima vez deixa um pouco para mim. – Kate reclamava. – Era difícil dividir as “refeições” com Ewan quando eles atacavam o mesmo trem ou metrô. Especialmente já que parecia que a fome de Ewan em sua forma de lobisomem era mil vezes maior do que quando Kate estava vampirizada. – Eu ainda estou faminta.

- Não se preocupe minha querida. – Ewan dizia de maneira sedutora. – Tenho certeza de que vamos encontrar algo para satisfazê-la pelo caminho.

- Mas eu não quero um petisco. Eu quero um banquete. E pra variar você me roubou outro. Eu estou começando a achar que essa parceria nossa não vai dar muito certo se você continuar  roubando minhas refeições.

- Kate... Boneca. Eu lhe prometi um banquete. E você vai ter um banquete... – Ewan diz lhe arrebatando um beijo de tirar o fôlego, mesmo que ela não respirasse mais. – Eu tenho uma surpresa para você em casa.

-Surpresa? – Kate pergunta confusa... – Do que é que você está falando?

-Aquele seu amigo vampiro... Philip. O mesmo que alugou a mansão para gente. Bom, ele conseguiu algumas vitimas para você saborear. Elas serão entregues mais tarde...

Kate olha para Ewan com um sorriso antes de lamber os lábios. Seus caninos pontiagudos aparecem antes dela puxar ele para um beijo.

- Então vamos logo porque eu estou faminta...

-Viu? A nossa parceria continua dando certo. Eu cuido de você da mesma maneira que você cuida de mim.

- Eu só gostaria que você me deixasse morder uns pescocinhos masculinos de vez em quando. – Kate reclama.

- De jeito nenhum. Eu sou o único quem você vai morder... – Ewan diz de maneira zangada. – Eu sou muito possessivo em relação a quem eu gosto.

Kate dá de ombros enquanto eles pegavam o carro que haviam alugado. Ewan dá a partida enquanto eles se dirigiam de volta para casa, onde Kate finalmente iria poder ter o seu tão esperado banquete sem perceberem que eram observados por um par de olhos castanhos.

***
Um jovem de cabelos negros, sobrancelhas grossas e olhar desafiador os observava com ódio nos olhos. Chris  Mckay, que segurava uma espingarda, os observava e os vem  seguindo desde a  Escócia, quando eles ficaram juntos pela primeira vez, embora estivesse seguindo Kate desde Londres. Ele era um jovem caçador de monstros e pretendia acabar com os dois. Especialmente Kate que assassinou toda a família de Chris, e agora ele pretendia finalmente fazer justiça pela sua perda. Em breve tudo aquilo ia acabar e ele finalmente poderia estar livre para viver uma vida normal.

Mas não agora... Agora ele tinha um trabalho para terminar...

FIM